Roosi Zanon, Homero Boucinha e Roberto Chagas - Integrantes do Grupo da Estação e do Grupo Arte Pública, que mantêm ateliês de arte na Gare de Santa Maria.

O projeto Distrito Criativo é bem-vindo ao centro de Santa Maria, neste "entre-lugar" de memória e cotidiano, de patrimônio histórico em meio à agitação urbana. Um lugar tão bonito e importante merece receber a atenção do poder público para que se mantenha íntegro o patrimônio arquitetônico, para que se planeje e normatize as mudanças e inovações e para que as pessoas que ali moram, trabalham ou passeiam sejam acolhidas e inspiradas.

Portanto, acreditamos na construção de uma governança local, buscando ações integradas entre os diversos setores sociais e econômicos do Município. O mesmo tipo de gestão deve ser extensivo à Gare de Santa Maria, onde, desde 1996, temos criado iniciativas para sua manutenção e uso e acompanhado idas e vindas de projetos para sua restauração.

Quando da privatização da Rede Ferroviária Federal, as estações ferroviárias de quase todo o país foram abandonadas. Em Santa Maria, a comunidade se mobilizou, e o Município assinou um convênio com o Ministério dos Transportes assumindo este patrimônio da União.

Décadas se passaram, centenas de atividades artísticas e culturais aconteceram, nossos ateliês sempre estiveram abertos e gratuitos, o Município investiu em algumas reformas e implantação de equipamentos. Estiveram ali também a Guarda Municipal, o Museu Ferroviário, feiras e a própria Secretaria de Cultura.

Nossa principal lembrança são as pessoas desfrutando as atividades nas plataformas e nos espaços da Gare. Foram milhares de participantes em exposições, encontros, espetáculos, reuniões e festas que deram vida ao local porque o local deu memória aos visitantes. Sim, preservar a memória é inspirar o presente. Daí o encantamento de quem participa das atividades ou simplesmente vai ali passear.

Com o prédio recuperado, conforme planejamento da Prefeitura, este potencial de atração de pessoas se multiplica. Quem não quererá visitar e frequentar uma estação ferroviária restaurada? Um lugar onde os trens carregavam sonhos, observados pelos morros até hoje verdejantes, e o sonho do seu retorno quem sabe se realize.

Que a Gare continue aberta, pública e democrática, com espaços e atividades sempre efervescentes, pois cultura e conhecimento são essenciais para a recuperação e desenvolvimento do Centro Histórico, da produção artística, do turismo educacional e de novos tempos para a memória viva de Santa Maria.